Ironia e suspensão teleológica do geral em Søren Kierkegaard

Autores

  • Diogo Alves da Conceição Santana Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

Resumo

Segundo Søren Kierkegaard, a moralidade que se identifica com o geral, Segundo Søren Kierkegaard, a moralidade que se identifica com o geral, por sua vez, corresponde ao divino, posição assumidamente hegeliana. O dever torna-se então o limite axiomático pelo qual o indivíduo se relaciona com Deus. No entanto, relacionar-se com a norma estabelece uma diferença qualitativa, tornando a relação uma falsificação, já que não há equivalência entre Deus e a norma geral. Por outro lado, o indivíduo em relação ao geral também se perde como indivíduo. A alteridade em relação ao geral torna-se então a condição tanto de um relacionamento efetivo com Deus quanto de uma relação do indivíduo consigo mesmo. Essa alteridade é entendida por Kierkegaard como uma suspensão teleológica e, posteriormente, uma ressignificação das categorias como moralidade, dever e divindade. O político, a partir de uma perspectiva hegeliana, atravessa essa relação com o geral e, por isso mesmo, é cobiçado pelo projeto de suspensão teleológica de Søren Kierkegaard. Suspensão teleológica que para o filósofo dinamarquês é reconhecida como ironia. Para tanto, ao determinar seu conceito de ironia evoca a personalidade de Sócrates. Uma designação pontual da relação irônica entre tal personalidade com o estado e o político é inevitável. A personalidade de Sócrates evoca ironicamente uma oposição não só entre objetividade e subjetividade, exterior e interior, mas também entre o social como uma relação espontânea e ocasional entre indivíduos e o político como instrumento de coesão para a formação da multidão. Partindo da relação entre Sócrates e o Estado grego, apontado por Kierkegaard como irônico, e reconhecendo nesta relação uma suspensão teleológica, o presente trabalho busca estabelecer os critérios indicados por Kierkegaard para tal determinação.

 

Palavras-chave: Kierkegaard; ironia; suspensão teleológica; moralidade; Hegel.

Biografia do Autor

Diogo Alves da Conceição Santana, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

Graduação em andamento em Filosofia (2013). Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Rio de Janeiro, RJ – Brasil.

Referências

GOUVÊA, R. Q. Paixão pelo Paradoxo: uma introdução aos estudos de Soren Kierkegaard e de sua concepção de fé cristã. São Paulo: Ed. Novo Século, 2000.

HEGEL, G. W. F. Princípios da Filosofia do Direito. São Paulo: Ed. Martins Fontes. 1997.

KIERKEGAARD, S. O Conceito de Ironia, constantemente referido a Sócrates. Ed. Vozes, 1991.

______. Temor e Tremor. Ed. Abril Cultural, 1974. (Coleção “Os Pensadores”)

VALLS, Á. Apresentação. In: KIERKEGAARD, S. O Conceito de Ironia, constantemente referido a Sócrates. Ed. Vozes, 1991.

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Publicado

2018-12-20

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Artigos