Epistemologia e concepção de ciência de George Berkeley
Resumo
O presente artigo tem como objetivo apresentar a epistemologia do filósofo empirista e idealista George Berkeley (1685 – 1753). A tese central da teoria do conhecimento de Berkeley é que todo o conhecimento humano é conhecimento de ideias e não de fatos, sendo que tais ideias têm sua origem unicamente nos sentidos e somente podemos ater-nos a elas. Por isso o autor defende a impossibilidade de se afirmar a existência das ideias abstratas e também da substância material como substrato das ideias na mente. Berkeley pretendia derrubar as teses céticas e ateias do seu tempo formulando assim um rico e penetrante sistema filosófico, com insights de psicologia da visão, filosofia da linguagem e filosofia da ciência. Seus argumentos merecem um estudo minucioso, pois além de seu valor histórico suas ideias influenciaram sobremaneira a filosofia posterior, como nos atesta David Hume, que o trata como grande inspiração[1], além do fato de ter sido precursor de muitas ideias que permeiam a filosofia da ciência contemporânea e, em vista disso, este artigo também aborda a relevância de suas posições frente ao debate atual conhecido como realismo/antirrealismo científicos.
Palavras-chave: Epistemologia; George Berkeley; Imaterialismo; Anti-Abstracionismo; Antirrealismo científico.
[1] Cf. Hume. Investigação acerca do entendimento humano. Abril Cultural: 1999.
Referências
BERKELEY, G. Principles of human knowledge; and, Three dialogues between Hylas and Philonous. London: Penguin Books, 1988.
BERKELEY, G. Obras filosóficas. Tradução, apresentação e notas de Jaimir Conte. São Paulo: Ed. UNESP, 2010.
BERKELEY, G. De Motu. Tradução de Marcos Rodrigues da Silva. Scientiae Studia, v. 4, n. 1.
FRENCH, S. Ciência: conceitos-chave em filosofia. Tradução de André Klaudat. Porto Alegre: Artmed, 2009.
GHINS, M. Uma introdução à metafísica da natureza: Representação, realismo e leis científicas. Tradução de Eduardo Salles O. Barra e Ronei Clécio Mocellin. Curitiba: Ed. UFPR, 2013.
HUME, D. Investigação acerca do entendimento humano. Tradução de Anoar Aiex. São Paulo: Nova Cultural, 1999.
KANT, I. Crítica da Razão Pura. Tradução de Manuela P. dos Santos e Alexandre F. Morujão. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2001.
LAUDAN, L. O progresso e seus problemas. Tradução de Roberto Leal Ferreira. São Paulo: Ed. UNESP, 2010.
POPPER, K. A Lógica da Pesquisa Científica. Tradução de Leônidas Hegenberg e Octanny S. da Mota. São Paulo: Cultrix, 2013.
RUSSELL, B. História da Filosofia Ocidental. Tradução de Brenno Silveira. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1957.
SILVA, M. Instrumentalismo e explicação científica no de motu de berkeley. Scientiae Studia, vol. 4, n. 1, 2006.
SILVA, M. O anti-abstracionismo de Berkeley como um problema para a distinção observável/inobservável. Problemata, vol. 5, n.1, 2014.
STRATHERN, P. Berkeley em 90 minutos. Tradução de Cassio Boechat. Rio de Janeiro: Zahar Editora, 2003.
THAGARD, P. The Conceptual Structure of the Chemical Revolution. Philosophy of Science, vol. 57, no. 2, 1990.
VAN FRAASSEN, Bas. A imagem científica. Tradução de Luiz Henrique de Araújo Dutra. São Paulo: Ed. UNESP, 2007.