A REALIDADE DO ESPÍRITO E DA MATÉRIA EM BERGSON: ENTRE A DURAÇÃO DA CONSCIÊNCIA E A TESE GNOSIOLÓGICA DE MATÉRIA E MEMÓRIA.
Resumo
Criticando as teses tradicionais que procuram solucionar o problema da relação entre um sujeito e um objeto de conhecimento, Bergson aproxima idealismo e realismo sob um mesmo preconceito: a consideração da percepção como faculdade especulativa e inativa, de mesma natureza que a lembrança. Ambas as correntes culminam, segundo o autor, em extremos que reduzem todo dado perceptivo à matéria no caso dos realistas — fazendo do sujeito perceptivo um epifenômeno secundário —, ou reduzem ao espírito no caso idealista — restringindo o sujeito a uma interioridade fechada em si. Para superar as dificuldades advindas de ambas as teses, Bergson, primeiramente, afirma a realidade da consciência através do contato que ela mantém com a realidade de seu desenrolar temporal. Em seguida, desenvolve a questão gnosiológica da percepção pura, onde a realidade objetiva da matéria é identificada à realidade das imagens que são experienciadas pela consciência, apesar de ultrapassá-las em grau.
Referências
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